segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O outro lado do meu parto

E dos meus conhecimentos.

Quando engravidei e descobri, estava de 6 semanas. E minha primeira consulta de pré natal com 9. Na sala da querida GO, falei que não queria de jeito nenhum parto normal pois doia muito e era demorado. Ela nem deu muito ouvido.
A gravidez foi me fascinando e eu passei a pesquisar bastante tal tema na internet. Em sites, fórum e blogs. E aos poucos fui mudando de ideia sobre o tipo de parto. Vi que a cesarea era uma cirurgia bem complexa pois não era apenas rasgar a barriga e tirar o bebê. Era rasgar oito camadas de tecidos até chegar ao bebê. É ter muitos riscos que não citarei agora. Enfim, apenas o fato de ser cortada e ter um pós operatório mais complexo me deixou alerta. Entao decidi ter o parto normal.

Li muitos relatos de partos normais. Vi videos, vi fotos e vi muito apoio ao parto normal.
E tudo foi passando. Na reta final alguns conhecidos me perguntavam sobre o parto e eu dizia "vou tentar normal". E todos ficavam abismados! Como se o parto normal não fosse normal.

Eu fiquei bastante preocupada se conseguiria ou não ter. Muitos vieram me contando histórias de partos normais que eram "secos", "que não dava passagem", ou que não dilatou... enfim. Não sei se eles encaravam com medo, ou se era pra me deixar sem coragem.

Lá em casa, minha mãe e avô tiveram 4 e 2 filhos respectivamente, em parto cesarea. Elas ficaram receiosas por não conhecerem as fases do parto normal. Mas me apoiaram muito.

No dia em que completei 40 semanas entrei em trabalho de madrugada com colicas leves. O dia foi passando e fui ao hospital. Me internei as 17:30 e Isabela nasceu as 22:40.

Onde quero chegar é justamente no meu trabalho de parto que ocorreu num hospital público. Até o primeiro mês de Isabela eu me sentia privilegiada por ter tido o parto que eu queria. Achava que ele tinha sido excelente.
Porém o tempo foi passando, e comecei a enxergar e saber de coisas* sobre o parto normal que eu não vi antes de ganhar Isa. Me pergunto e me culpo um pouco; porque eu não li sobre essas coisas* antes?!

1) no parto ativo, a cada contração, a enfermeira pedia pra eu fazer força. Eu, na falta de conhecimento, fiz as forças. Não SABIA que isso podia prejudicar o bebê e sua respiração. Não sabia que isso prejudicaria meus músculos do períneo.

2) na fase expulsiva, tive um episiotomia desavisada. O médico de plantão simplesmente cortou. Ele também não pediu pra eu fazer força apenas quando tivesse em contração, não me pediu pra parar de fazer força quando a Isa estava saindo. Com essa última medida eu evitaria uma expulsão rápida demais e que pudesse me cortar ou prejudicar meu períneo.

3) tive que deitar na maca e colocar as pernas naquele treco que nem quero saber o nome correto, na expulsão. Não pude ficar numa posição confortável pra mim e que não prejudicasse minha respiração e do bebê, nem pela força que fazia sobre meu perineo.

Tive um parto normal sim, mas esses detalhes que citei me faz ficar triste. Me culpo bastante por não ter buscado as informações certas e relacionadas a esses assuntos tão importantes. Me culpo o tempo todo na verdade. Mas sei que também foi falta de informação do hospital e seus funcionários. Eles simplesmente não ligam, só querem que você tenha seu bebê rápido e ponto.

Sei que o que importa agora é que estamos bem e saudáveis, mas esse assunto martela minha cabeça.
Sinto meu períneo fraco, venho fazendo exercícios de kegel numa esperança não tão grande. E já estou marcando consulta com gineco para ele avaliar a minha situação após um parto rápido. Deveria ter ido fazer a revisão no fim do reguardo. Mas nem essa informação eu obtive em nenhum local hospitalar (pré natal ou maternidade).

Conto também meu descontentamento com outros assuntos do parto, que esses sim foram de minha culpa:
- na hora do parto expulsivo, estava tão nervosa, com tanta dor e sem noção de horas (famoso estado de "partolandia"), que esqueci de pedir pra fotografarem. Mas o pior mesmo foi ter esquecido de pedir pra chamarem meu noivo.
Sinto uma imensa tristeza de não tê -lo no meu lado no momento mais importante de nossas vidas. Não pude segurar a mão dele, olhar em seus olhos nem compartilhar a cena de ver pela primeira vez nossa bonequinha.

Mas já passou e agora tenho a certeza de que se vier um outro bebê, terei um parto normal, humanizado quem sabe. Na piscina, em casa.

Um comentário:

  1. Flor, tbm sinto isso que vc sentiu, más o proximo com certeza vai ser do jeitinho que a gente escolher se Deus quiser!

    meu-pequeno-guilherme.blogspot.com

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